Coragem
São outros olhos
seus motivos de amar
(verdade e alívio
colhidos na madrugada)
- ela preferiu saber.
seus motivos de amar
(verdade e alívio
colhidos na madrugada)
- ela preferiu saber.
Invisível
Meu lado invisível
tem janelas
sem grades
tem milagres
sem rezas
tem gramática
sem letras
tem laranja
sem gomos
(aliás, sem casca...)
meu lado invisível
eu não sei
é invisível
tem janelas
sem grades
tem milagres
sem rezas
tem gramática
sem letras
tem laranja
sem gomos
(aliás, sem casca...)
meu lado invisível
eu não sei
é invisível
Passagem
Nossos olhares
não são chispas de amor,
nem de paixão.
são nuvens
carregadas de ilusão
o resto
é esperança
tempo
e passagem
não são chispas de amor,
nem de paixão.
são nuvens
carregadas de ilusão
o resto
é esperança
tempo
e passagem
Soletude
Contemplo
teu Mallboro
na ânsia e distância
não me deste o mote!
tive que arrancá-lo
do eco dos deuses
infidelidade
clandestinidade
querias tirar o cansaço
de minha alma
na ilogicidade da lua
y me quedé sola
na parede nua
teu Mallboro
na ânsia e distância
não me deste o mote!
tive que arrancá-lo
do eco dos deuses
infidelidade
clandestinidade
querias tirar o cansaço
de minha alma
na ilogicidade da lua
y me quedé sola
na parede nua
Silêncio-ternura
Ao Zé Dutra
As pedras rolam
e seguem
és tempo e inauguração
furacão e brisa.
Se és terra,
abraço tua ternura,
mas teus olhos não.
Se deixas minha alma
sem chão, ela sorri,
quer voar por tua mão.
Sei que a vida se vive uma vez
e são tantas as gaiolas
deste mundo...
Então, se eu morrer amanhã
sem nossa conversa
sob as árvores,
direi apenas
de teus olhos? incômodos
não burlarei
teu silêncio-incompletude,
nem descobrirás
meus véus-fragilidade
o resto são entrelinhas
e nada mais.
As pedras rolam
e seguem
és tempo e inauguração
furacão e brisa.
Se és terra,
abraço tua ternura,
mas teus olhos não.
Se deixas minha alma
sem chão, ela sorri,
quer voar por tua mão.
Sei que a vida se vive uma vez
e são tantas as gaiolas
deste mundo...
Então, se eu morrer amanhã
sem nossa conversa
sob as árvores,
direi apenas
de teus olhos? incômodos
não burlarei
teu silêncio-incompletude,
nem descobrirás
meus véus-fragilidade
o resto são entrelinhas
e nada mais.
Rio & tempo
funéreo o penhasco
suja a água
sem o dom original,
desacompanhada do leito
já sem curso
mas as gentes sorriam e
falavam
olhando o estranho rio,
com dobras no curso
longe do leito
no escuro do rio
– as dores das gentes
escuras também
em seu parco viver.
suja a água
sem o dom original,
desacompanhada do leito
já sem curso
mas as gentes sorriam e
falavam
olhando o estranho rio,
com dobras no curso
longe do leito
no escuro do rio
– as dores das gentes
escuras também
em seu parco viver.
sono
I
não havia esteira
no eco do sonho
não havia esteira
e a vida dormia
dormia
II
um dia acordou cansada,
bruxas haviam rondado
sua noite
o sono fugia-lhe
pelos vãos do escuro
– não havia luar
III
noite adentro
perambulou sem fé
cactos lânguidos
jogavam a sorte
nos espinhos
é hora de cair as
cortinas
– talvez acordar.
não havia esteira
no eco do sonho
não havia esteira
e a vida dormia
dormia
II
um dia acordou cansada,
bruxas haviam rondado
sua noite
o sono fugia-lhe
pelos vãos do escuro
– não havia luar
III
noite adentro
perambulou sem fé
cactos lânguidos
jogavam a sorte
nos espinhos
é hora de cair as
cortinas
– talvez acordar.
Silêncio
O silêncio morno
dos teus olhos
carregados de
antigas partidas
avisam de um
real perigo
chegas manso
sem estardalhaço,
mas avanças
a cada dia um passo
tecendo o laço
que enlaça
nossas vidas
na doce sugestão de
carnudos lábios
sem ganas
e flertes
entre o castanho e o negro
do olhar.
dos teus olhos
carregados de
antigas partidas
avisam de um
real perigo
chegas manso
sem estardalhaço,
mas avanças
a cada dia um passo
tecendo o laço
que enlaça
nossas vidas
na doce sugestão de
carnudos lábios
sem ganas
e flertes
entre o castanho e o negro
do olhar.
Insaciedade
o tempo
leva o rumo dos sonhos
no verde dos olhos
a tarde cala segredos
dilacerando o outono
as mãos são folhas
levadas pelo vento
na chuva do teu abraço
névoa-noite
tormenta-pele
anseio-delírio
lençóis no chão
insaciedade, insanidade
e o suor dos corpos
é chama eterna
de inconclusos
amantes
leva o rumo dos sonhos
no verde dos olhos
a tarde cala segredos
dilacerando o outono
as mãos são folhas
levadas pelo vento
na chuva do teu abraço
névoa-noite
tormenta-pele
anseio-delírio
lençóis no chão
insaciedade, insanidade
e o suor dos corpos
é chama eterna
de inconclusos
amantes
Posse
Se meu corpo te procura
não bastam lembranças
há a sede e a gana
jorro uma dança insana
em teu corpo nu
requebros de serpente
o vulcão de teu corpo
a fazer-me lânguida
na hora da posse
olhos fechados
mundo desconfigurado
só um gemido
a balbuciar
( talvez )
amor
eternidade? ( não somos deuses )
só chamas a consumir-se
na fúria do instante!
não bastam lembranças
há a sede e a gana
jorro uma dança insana
em teu corpo nu
requebros de serpente
o vulcão de teu corpo
a fazer-me lânguida
na hora da posse
olhos fechados
mundo desconfigurado
só um gemido
a balbuciar
( talvez )
amor
eternidade? ( não somos deuses )
só chamas a consumir-se
na fúria do instante!
Segredos
Se um raio de luz
atravessa minha vida
e parte-se em dois,
é porque as preces foram ouvidas,
mas o rio da vida secou.
O eco traz a sombra
e bem mais que lembranças
atravessam meu corpo
num passado tão presente
eternamente presente...
Há murmúrios,
segredos não revelados
e um intransponível abismo,
mas há também
o desejo de que não te vás
Sem levar um pouquinho de mim.
atravessa minha vida
e parte-se em dois,
é porque as preces foram ouvidas,
mas o rio da vida secou.
O eco traz a sombra
e bem mais que lembranças
atravessam meu corpo
num passado tão presente
eternamente presente...
Há murmúrios,
segredos não revelados
e um intransponível abismo,
mas há também
o desejo de que não te vás
Sem levar um pouquinho de mim.
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